O setor de alimentação animal aposta na disponibilização de uma linha de crédito pelo governo e na recuperação dos preços pagos ao produtor de grãos para continuar crescendo em 2009. A projeção inicial do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) para o próximo ano é de uma expansão de 5%. Para isso, segundo Ariovaldo Zanni, diretor executivo da entidade, será necessário uma contenção da crise logo no primeiro semestre de 2009. "Para garantirmos esse crescimento precisamos ter uma resposta da demanda até abril ou maio", avalia.
Para alguns segmentos da indústria esta será uma árdua tarefa. De acordo com Paulo Roberto de Carvalho e Silva, presidente da Associação Nacional das Indústrias de Fosfato na Alimentação Animal (Andifós), as empresas do segmento irão entrar em 2009 com um estoque de passagem recorde, da ordem de 100 mil toneladas. "Hoje esse volume daria para o consumo de dois meses. Tradicionalmente os estoques de passagem são para de 15 a 20 dias", diz.
O elevado volume de estoque é efeito da pressão exercida pelo demanda compradora que, nos primeiros meses do ano, exigiram um aumento de produção de 15% ao mês.
O mercado para o fosfato bicálcico foi um dos mais impactados pela retração da demanda. O volume consumido no segundo semestre deste ano já é 21% inferior ao verificado no mesmo período de 2007. De janeiro a junho, quando o cenário para o setor agrícola era favorável, o consumo havia aumentado 12% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Silva acredita que a desaceleração ainda não afetou a saúde financeira das empresas do setor. Pouco pulverizada, a produção do fosfato bicálcico no Brasil está nas mãos de apenas cinco companhias: Bunge, Mosaic (controlada da Cargill), Copebrás, Connan e a Tortuga, que em outubro adquiriu a PCS.
"Devem acontecer apenas pequenos ajustes como antecipar e esticar a parada para manutenção, mas não há risco de demissões porque estamos pensando em uma produção maior no próximo ano", afirma.
Crédito e endividamento
Mesmo com a aceleração nos preços dos insumos os produtores conseguiram honrar os contratos com as indústrias. Os pecuaristas preferiram reduzir o consumo para manter a liquidez . Segundo Fernando Penteado, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementação Mineral (Asbram), alguns produtores chegaram a diluir o sal mineral ao sal comum para reduzir custos.
Sem grandes problemas de endividamento a preocupação da indústria agora é garantir crédito para o próximo ano. Para isso as lideranças do setor estiveram em Brasília na última semana conversando com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Brasil para obtenção de uma linha de crédito no valor de R$ 300 milhões. "O BNDES está estudando uma condição especial para o setor. Precisamos de linhas com juros compatíveis", destacou Mário Sérgio Cutait, presidente do Sindirações. A resposta é esperada antes do Natal.
Balanço de 2008
O fraco desempenho do setor no último trimestre não impediu que a indústria de nutrição animal registrasse um crescimento de 10% no ano, alcançando um faturamento estimado entre US$ 16 bilhões e US$ 17 bilhões. No total, foram produzidas 59 milhões de toneladas de ração e 2 milhões de toneladas de sal mineral.
A principal demanda partiu da avicultura que em 2008 consumiu 50% da produção de ração no país, o equivalente a 30 milhões de toneladas e uma ampliação de 10,4% no mercado para as aves de corte. A suinocultura respondeu pelo consumo de 15 milhões de toneladas, o que representou um crescimento de 7,9%. Com 13,3% o segmento de bovinos registrou a maior expansão do setor, consumindo pouco mais de 7 milhões de toneladas.
O último trimestre, no entanto, dá sinais do impacto da crise financeira e apresenta um recuo de 3%. Para alguns segmentos os efeitos da desaceleração da economia são mais preocupantes. É o caso do sal mineral que teve queda de 23,4% no período.
Disponível em: http://www.dci.com.br/noticia.asp?id_editoria=10&id_noticia=265601
Acsso em: 16 de Dezembro de 2008